13 de abril de 2010

III - Um miúdo normal

- Então Belinha, está tudo bem?
- Está. Obrigado por teres vindo mais cedo.
- Onde é que está o Miguel?
- Aonde é que havia de estar? No quarto! Agora parece que só quer estar lá.
- Tudo bem. Talvez seja melhor assim.
-Porquê? É agora que me vais contar a história do telefone desta manhã?
- O Miguel jura que ontem à noite não saiu do quarto depois de o teres mandado para a cama.
- E...??!
- E eu acredito nele.
- Acreditas nele? Ok. O que é que isso quer dizer?
- Anabela, não percebes?
- Perceber o quê?
- Porra Anabela! Se ele não se levantou quem é que estava no corredor e fechou a porta? Queres responder-me?
- Tu ouviste a porta a fechar mas isso não quer dizer...
- Não, Anabela, nós ouvimos, não fui só eu. E além disso, queres convencer-me de que não sentiste ninguém no corredor?
- Não. Também fiquei com essa sensação. Mas isso deixa-me aterrorizada.
- Pois. Eu recuso-me a acreditar que ninguém estava no corredor, mas, por outro lado, tenho a certeza que o Miguel disse a verdade...
- Oh Zé, achas que era outra pessoa, sei lá, ou outra coisa qualquer? Credo! Só de pensar...
- Não, querida, que absurdo!! O que eu quero dizer é que acho que o miúdo é sonâmbulo.
- Sonâmbulo?
- Sim, de que outra forma explicas que ele se tenha levantado e que tenha voltado para o quarto sem se lembrar disso?
- Não sei. O que eu sei é que isso não explica o comportamento dele durante o dia...
- Está cansado! Não deve ser fácil passar parte das noites levantado a fazer uma data de coisas sem saber. O facto de estar a dormir não significa que não se canse, não achas?
- Não, não acho. Tu dizes isso mas ainda não viste como ele fica às vezes.
-Não achas que estás a exagerar? Esta noite só temos que estar atentos às movimentações dele. Agora deixa-o estar à vontade no quarto. Ele ouviu-me chegar?
- Acho que não, está lá enfiado dentro.
- Então eu vou sair, não lhe digas que aqui estive.
- Aonde é que vais?
- Vou comprar pilhas para a lanterna e vou pedir a máquina emprestada à minha irmã.
- Por quê?!
- Porque a minha está a arranjar lembras-te? Deixaste-a cair!
- Não é isso, Zé! Por que é que precisas da máquina?
- Porque posso ter que lhe mostrar o que ele faz à noite.

To be continued...
(A pedido do W.)

4 comentários:

Miss I disse...

Acho que vou suspirar de alívio! Estava com tanto medo que acabasse no "o puto é sonâmbulo" e eu ficasse a imaginar milhentas coisas mais! Obrigada por continuares! ;)

Goth Mortens disse...

Não tens nada que agradecer. É um prazer. Vai aparecendo...

W. disse...

Eu acho que são gases e o puto tem vergonha de admitir a flatulência! Por isso é que a porta se fechou...

Goth Mortens disse...

É uma possibilidade que, confesso, não explorei. :)