30 de julho de 2008

Brain hurricaning...

Perto do local onde eu trabalho verifiquei, quando voltava ontem para casa, que existe um daqueles fantásticos antros de imbecis com o nome:
"Centro de Ajuda Espiritual Pare de Sofrer"
Mas que diabo de nome é este!?!?!
Isto é como chamar a um restaurante "Restaurante Prato do Dia Bitoques"; será, na base, o mesmo que chamar a um Ginásio "Ginásio Faça Exercício", ou como chamar a uma Igreja " Igreja de Reze um Pai Nosso". Que nome tão idiota!!
Achei que devia dar uma ajuda espirituosa ao pessoal lá do centro. É certo, já todos percebemos, que não têm departamento de marketing. Como tal, sugiro já aqui dois nomes:
- "Centro de Ajuda Espiritual Não Saltes";
- "Centro de Ajuda Espiritual Corta As Veias na Horizontal e Não Na Vertical Porque Assim Ainda São Cirurgicamente Recuperáveis"

Agora é connvosco! Aceito sugestões vossas que depois reunirei e entregarei no centro a troco, claro, da salvação das nossas almas, que ninguém faz nada de graça.
Aguardo...

20 de julho de 2008

Beirute!!??

O país inteiro viu um bando de ciganos disparando contra um bando de africanos em todos os canais de televisão. E ficámos todos a saber que os africanos estavam a pedi-las e que agora os ciganos também estão a pedi-las, e que todos aqueles imbecis, ciganos e africanos, têm armas. Não é reconfortante?

Ao contrário do que possam estar todos à espera, tenho apenas um comentário a fazer:

Porquê o desperdício de forças policiais para os impedir de se matarem uns aos outros?

22 de junho de 2008

A noite em que a lua caiu...

Corrias à minha frente, linda. Podia ouvir o som dos teus passos, quebrando galhos, e confundindo-se com os meus risos cristalinos. Gargalhadas perfeitas que não esqueço. Lembro-me de olhar para o teu pescoço, por baixo dos cabelos esvoaçantes, negros, e de pensar como era bela a tua pele sob a luz da lua. Sempre que me olhavas por cima do ombro, para verificares se ainda te perseguia, o meu corpo estremecia. Era possível a perfeição. Naquele momento fomos perfeitos tu e eu, em todas as formas. Se Deus existisse certamente estaria a gravar-nos nos seus livros para a eternidade.
Apanhei-te. Caímos juntos pelas ervas cobertas pelo orvalho. A noite escura, iluminada apenas pelo candeeiro do mundo, ocultava-nos do resto dos mortais, pobres diabos. O meu coração podia explodir de felicidade a qualquer momento, eu sentia-o. Olhavas-me fixamente, os teus olhos marejados não deixavam os meus. Parecias gritar qualquer coisa, mas eu não te ouvia. Ouvia apenas as minhas gargalhadas. Silêncio. Silêncio absoluto então. Todos os sons do planeta se haviam desligado quando finalmente te encostei o gume afiado da minha faca, reflectindo a luz da lua, ao pescoço. Paraste de chorar, paraste de gritar, apenas a tua respiração ofegante tentando em vão controlar-se. Os teus seios voluptuosos cresciam eroticamente a cada inspiração temerária. Admirei a forma como tentaste aceitar o teu destino.
Então, a lua caiu do céu para beijar os teus lábios, a tua pele foi mármore, puro mármore. O líquido escarlate, cheirando a chumbo, deslizou pelo pescoço beijando-te um dos seios, quedando-se na tua blusa, branca. Os teus olhos perderam lentamente o brilho, secaram olhando a lua, como se nela residisse a salvação ou o socorro. Nesses breves minutos antes do derradeiro suspiro, foste minha. Amei-te.

8 de junho de 2008

Domingo à tarde...

Foi num belo Domingo à tarde que descobri que o mundo tinha parado. Era essa a única explicação possível para o facto de, procurando algo interessante na televisão, verificar que a programação era a mesma em todos os canais nacionais: a partida da selecção nacional para a Suiça, rumo ao Europeu. Não tinha morrido ninguém nesse dia, ninguém se tinha afogado, o preço dos combustíveis não subiu nesse dia, não houve boicotes, nem motins, nem feridos ligeiros nem graves, nesse dia os salários deste país foram altos, as férias não foram pagas com créditos, as crises foram miragens! Apenas existiram Cristiano Ronaldo, Simão Sabrosa, Filipe Scolari, Nani e todos os outros companheiros tão importantes. Eu que por vezes choro de alegria quando a selecção ganha, eu que de tão nacionalista me encontro no limite da segregação dos estrangeiros no nosso país, mesmo eu, não consigo entender como se pode dedicar tanto tempo a algo tão pouco importante.
Acho incrível as pessoas que se deslocaram até à porta do hotel para os ver sair, a loucura do jornalista que insistiu em baptizar o autocarro, as imagens aéreas, a transmissão de imagens de telemóvel de dentro do avião, também ele baptizado. Ridículo. Enervante e patético. E somos nós também quem os assobia nos estádios nos dias menos bons, somos nós que os vaiamos quando não correm tanto como gostaríamos. Somos mais adeptos do que portugueses. Neste país, ser-se português resume-se a pendurar uma bandeira na varanda e um cachecol no pescoço. Bebemos umas cervejas e gritamos Portugal bem alto! Dever cumprido. Tudo o resto não importa. Não importa como nos comportamos o resto do tempo, desde que naqueles 90 minutos tudo corra bem. Somos portugueses a sério. Se num Domingo à tarde a programação se resume a isto, é por nossa culpa, é porque gostamos, é isto que queremos ver. A televisão é o barómetro do nosso nível cultural. Felizmente para mim, posso sempre sair de casa ou simplesmente desligar a janela para o mundo.

4 de maio de 2008

Uat a fakin pilgrim!

Este é um tema que me é querido e que gosto sempre de revisitar. Aproxima-se em largas passadas o 13 de Maio e, mais uma vez, apetece-me maldizer. Ano após ano (uma vez que não vivo muito longe de Fátima assisto de perto), abre a "caça ao peregrino" nesta altura. Passo a explicar: milhares de peregrinos, vindo das mais diversas zonas do país, deslocam-se penosamente, a pé, até Fátima, nesta altura do ano, cumprindo assim o deprimente ritual a que já me fui habituando. Acontece que os peregrinos deslocam-se em bando e não conseguem - talvez não tenham essa capacidade - deslocar-se em fila indiana. O que significa que em cada curva podemos dar de caras com uma data de gente a caminhar de sandálias e meias, com coletes florescentes (muito cautelosos humm?!?!), ocupando a faixa onde nos encontramos. Todos os anos é "caçado" na estrada um ou dois. Também me chateia, muitas vezes, ter de percorrer lentamente alguns quilómetros atrás de uma Ford Transit, um bocado para o "velhota", com um pequeno cartaz no vidro traseiro com as palavras "Apoio ao Peregrino".
Atendendo aos dados já enunciados decidi, hoje, substituir estas carrinhas de apoio, por umas diferentes, dizendo "Morte ao Peregrino", essas sim circulando a velocidades decentes procurando em cada esquina, acabar com o lento sofrimento de cada peregrino.
Podemos começar por um peregrino que vi, este Sábado, e que agora me apetece ridicularizar. Ele estava a pedi-las. Foi a primeira vez que eu vi alguém fazer a peregrinação trajado!!! Com o traje académico, de uma universidade deste país, capa e tudo, lá vinha o artista, já com os sapatos a servir de chinelos, arrastando-se de forma deprimente. Quem, como eu, usou o traje, sabe que em dias de calor não é fácil ter aquela brincadeira vestida. Agora imaginem percorrer 200 quilómetros a pé, vestidos desta maneira. Imaginei imediatamente que talvez ele tivesse feito uma promessa a Nossa Senhora de Fátima: se acabasse o curso iria a pé a Fátima trajado!
E depois pensei: mas quem é que se lembra de uma coisa dessas? Eu jamais daria emprego a um tipo que acha que só conseguiu terminar a licenciatura devido a uma intervenção divina. E se Nossa Senhora o ajudou de facto. Isso é lícito? Não é, por princípio, a mesma coisa que copiar? Nossa Senhora ajudou-o a ele...e a mim foi o colega do lado.

3 de maio de 2008

15 de abril de 2008

O meu país...

Começo a ter dificuldade em perceber se o champô que compro é para cabelos secos, ou para cabelos normais, e julgo que isso poderá ter a ver com o facto de muitos dos rótulos estarem em russo. Neste momento, quando todos julgam que as bruscas alterações do nosso clima são uma consequência do aquecimento global, eu entendo que podem ter a ver com o facto de se falar brasileiro num quarteirão e ucraniano no outro. Longe vai o tempo em que o único povo com quem tinha que partilhar o meu país era o Africano. A colonização deu-lhes esse direito. Li numa revista, que acompanha um jornal distribuído em sacos, que 90% das mulheres de alterne neste país são estrangeiras. Mas o que vem a ser isto? Será que não podíamos ter as nossas próprias mulheres de alterne? Agora temos que importar?
Onde outrora via passar um Fiat Punto, completamente alterado, gritando vidros fora a última do DJ Benny Benassi, vejo agora passar um Renault 19, vermelho fosco, gritando um som distorcido pelos vidros, que já longe, identifico como a velha dos Canta Bahia. A única que fizeram até hoje.
O que é feito do meu país? Ficamos com os restos da globalização? Esperamos encontrar num bando de Zés Cariocas a produtividade que faltava a este país?
Exportamos os talentos e importamos isto. Parece-me um bom negócio. É bom que as moças das casas de alterne consigam fazer um bico, enquanto servem à mesa, a fazer o pino, executando na perfeição limpezas com a mão esquerda e dactilografando com a direita, enquanto gemem de genuíno prazer, levando com um empenhado Zé Povinho de farto bigode, suando que nem um porco, enquanto lhe rouba a virgindade mais uma vez.
Se não for assim não entendo como vamos compensar tanta mandrionice.

7 de abril de 2008

Eis que uma mão encardida se ergue do túmulo...

Após um interregno de mais de dois anos, eis que me ergo do meu túmulo virtual e estou de volta à carnificina. Não vou poupar ninguém. Conspiro. Aguardem notícias minhas.