25 de outubro de 2009

Curiosidades

Não há homem, macho, eu diria, que se preze, que goste de se prestar ao ridículo através de actos ou, mesmo, indumentárias envergadas. Não há macho "à séria" que aceite que o ridicularizem na sua masculinidade. Contudo, socialmente vão surgindo situações em que os machos tendem a fazer um exercío de ridicularização própria, e pior, perecem muito satisfeitos com isso. Passo a enumerar:

1- Jogos de futebol: um clássico da ridicularização masculina. Experimentem chamar cornudo, na rua, a um brutamontes com 1,90m de altura e 100Kg de peso. Se sairem da experiência ilesos é porque, ou correm muito depressa, ou o tipo é surdo. Contudo, durante um jogo de futebol, de preferência da Selecção Nacional de qualquer país, é vê-los com chapéus rídiculos com chifres na cabeça, guizos a tilintar, maquilhagem na cara, aos saltos e todos satisfeitos quando finalmente reparam que estão a ser filmados e estão a aparecer naquela figura nas televisões do país inteiro. Muito macho.

2- Carnaval: outra situação que já vai sendo um clássico em Portugal. Porque é que homens de barba rija, que absorvem cerveja como esponjas, usam palito no canto da boca e cospem para o chão à mesma velocidade de um tique nervoso, insistem, ano após ano, em vestirem-se de mulher durante esta festividade, e andarem trôpegos em cima de saltos altos. Pior ainda, não se limitam a vestirem-se como mulheres, mas como prostitutas rascas. Deveras masculino.

3- Confrarias: este não será ainda um clássico mas corre o risco de se tornar um, e rapidamente. Não são raras as vezes em que num jornal televisivo, quando a verdadeira notícia escasseia, aparece alguém a noticiar o encontro da confraria "x" ou "y". Existem confrarias para quase tudo: a da feijoada, a da tripa à moda do porto, a do Vinho do Porto, a da Cerveja, etc. Todas elas confrarias de uma área da gastronomia ligada ao verdadeiro macho. Não me lembro de alguma vez ver, ou ouvir falar, da confraria do Tofu, do Eclaire de Café, ou dos Cereais Fitness.
Contudo, sempre que vemos imagens dos confrades, é vê-los todos satisfeitos com enormes "togas" de veludo e "abat-jours" com berloques na cabeça, sorridentes enquanto dissertam, junto de uma jornalista, acerca das maravilhosas propriedades da cerveja. É de macho. Deviam acabar as entrevistas com um sonoro arroto.

9 de outubro de 2009


ADIVINHEM QUE VOLTOU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

5 de outubro de 2009

Agora posso dizer...

Agora, 8 anos depois, posso confessar. Agora que os teus olhos perderam o brilho de outrora. Agora, enquanto jazes nessa cama, paralisada. Agora, posso dizer-te que os anos que passámos juntos não passaram de uma extraordinária farsa. Posso confessar, hoje, que nunca te amei. Nada do que aconteceu entre nós foi genuíno. Fui apenas um actor na tua vida, simulei todos os sentimentos, todos os sorrisos, todas as lágrimas. A felicidade nos meus olhos não foi mais do que espelho da tua. Quando não estavas, quando ninguém estava, despia a máscara do teu amor e podia ser eu, respirando de alívio durante breves minutos, sem nunca me esquecer que rapidamente teria que retomar a minha actuação no palco da tua vida perfeita. A verdade é que me foste sempre indiferente, completamente. Esta é a verdade do que sinto por ti: indiferença. O movimento dos teus olhos, quase mortiços, leva-me a acreditar que me consegues ouvir e que estás a perceber o que te digo. É uma pena que não consigas falar porque gostava de ouvir o que tens para dizer agora. Mas acho que posso imaginar. Ias começar por dizer que é impossível, como se ninguém conseguisse resistir a amar-te perdidamente. O teu pedantismo não te permitiria jamais antecipar esta minha confissão. Foi precisamente essa tua presunção que me levou nesta missão de te provar que não és nada. E a verdade é que és tão fraca que quase fizeste com que nem valesse a pena tudo isto. Deves estar a perguntar-te porque fiz isto mas não existe nenhum motivo. É o que eu faço, simulo sentimentos, não sei viver de outra maneira. Aconteceu contigo porque estavas lá, naquele dia, para eu te conquistar. Podia ter sido qualquer outra mulher, mas foste tu. Ainda bem que foste tu, porque facilitaste a minha tarefa. Não mereces o amor de ninguém. Não te amo. Neste momento tenho que mudar de vida. Acabou o que tinha contigo mas não posso deixar-te assim. O mundo não vai compreender e eu tenho que manter a minha farsa. Não posso acabar a relação com uma mulher moribunda e permanecer perfeito. Para manter a perfeição do meu amor as coisas têm que acontecer de outra maneira. Estas lágrimas que vês não são por ti. São parte da farsa porque vou ter que chamar uma enfermeira. Esta almofada que seguro nas mãos não é para te pôr mais confortável. E lembra-te... eu nunca te amei.