22 de dezembro de 2009

Mensagem de Natal

Nesta quadra tão singular, cumpre-me deixar aqui algumas palavras de teor mais especial. Durante os próximos dias não devo aqui escrever mais nada. Estou oficialmente retirado até 2010.

Desejo a todos o Natal que desejam.

Para mim desejo...bom...já lá vamos.

Não é uma quadra que me agrade particularmente. É curioso pensar que é nesta altura que muitos de nós "decidem" morrer. Como se esta fosse a altura certa para deixar a vida, ou porque talvez seja, o Natal, a derradeira prova de que estamos sós. Não deixa de ser intrigante a nossa imbecil predisposição para sermos diferentes, nesta quadra, de tudo aquilo que somos durante o resto do ano. Damos esmolas, gastamos dinheiro com pessoas que habitualmente desprezamos. Chamamos família às pessoas que vêm jantar uma vez por ano connosco. Comovemo-nos com histórias que noutras alturas não nos interessariam. Usamos cachecóis, sobretudos, luvas, pensamos na neve quando não a temos, assistimos a filmes lamechas e sentimo-nos bem, aconchegados, satisfeitos, ligados ao resto do planeta de uma forma estranha. Estranha porque não se entranha nos outros cerca de 360 dias. Entramos numa espiral de sentimentos provocados pela euforia geral em torno do Natal, provocados pelos meios de comunicação. Sonhamos. Sonhamos para acordar, ano após ano, nos mesmos sítios e sermos, de novo, as mesmas pessoas.
Não vou ser hipócrita ao ponto de entrar em clichés anti-sociais. Também eu me deixo levar, de certa forma, por alguns destes sentimentos ou emoções. Também é verdade que os consigo simular ou fingir na perfeição.
Para mim, o Natal não passa de uma espécie de divã de psicólogo, em que deixamos sair todos os segredos que acumulámos. Suspiramos, viramo-nos para o lado, uma e outra vez, tentamos negar que tenhamos sentido coisas assim, muito menos pensado. Saímos porta fora, eventualmente mais leves, e partimos para aquela que é a tentativa de mudar o que está mal e manter o que está bem, se possível melhorar: O Ano Novo.

E para mim... desejo chegar ao Natal e passar para o Ano Novo. Já era bem bom.

Até 2010.

e.t.: se não voltarem a ver posts meus, é porque não passei.