20 de julho de 2009

Serei o único a perguntar?

Pergunto-me todos os dias porque é que 90% das pessoas que ouço se queixam que o governo, ou, em última instância, o País, não faz nada por elas. Essas pessoas, em 90% dos casos, são as mesmas que decidem fugir ao pagamento dos impostos. E dessas, muitas são as mesmas que ao Domingo, semana após semana, durante uma missa ou celebração de uma qualquer religião, decidem dar um chorudo donativo à igreja, seita, etc. Inacreditável. Deve haver uma grande descrença em todo o nosso sistema democrático, tem que haver. Só assim posso compreender que seja mais fácil dar dinheiro para uma causa tão extraordinária como acreditar num tipo que ninguém viu, ou em milagres sobrenaturais, ou que de facto a nossa alma estará perdida se não contribuirmos para uma causa tão nobre. Muito mais nobre do que contribuir para o desenvolvimento do país, o reforço dos cofres do Estado, do mesmo Estado a quem pedimos para aumentar subsídios, pensões e reformas, e reduzir impostos e ajudar os mais pobres. Deixem de chorar. Paguem impostos, sejam responsáveis, deixem de ser ridículos. Eu pago impostos, orgulho-me de os pagar. Gostava era de pagar menos, mas isso não depende nem de mim, nem do Estado. Corro o risco de a minha alma se perder nos Infernos para sempre, por escolher acrditar no Homem em vez de acreditar numa mão cheia de nada.

5 de julho de 2009

Comportamentos

Há comportamentos que me deixam, de certa forma, perplexo. Diariamente assisto, incrédulo, a pequenas pérolas da estranha forma de vida do ser humano.
No ínicio de Junho tive a felicidade de estar em Alvalade para assistir ao concerto dos AC/DC. Digo "felicidade" porque foi apenas e só o melhor concerto a que tive oportunidade de assistir em toda a minha vida. Esquecendo aquilo que me levou lá, isto é, o concerto, a ida a Alvalade permitiu-me constatar, ou melhor, comprovar, uma coisa extraordinária: a estupidez e a inutilidade de alguns dos nossos comportamentos. O que é que leva uma pessoa aparentemente normal, a tentar encontrar num estádio cheio com milhares de pessoas, uma outra pessoa, com quem está a falar ao telemóvel, a centenas de metros de distância? Assisti a isto durante quase todo o tempo que antecedeu o concerto. Exemplo: O tipo A avista das bancadas, sabe-se lá como, o tipo B, com quem já não está desde...ontem!!?? Logo pega no telemóvel, essa arma sempre pronta a disparar chamadas e mensagens, e liga ao tipo B:
- A: Tou!? B? É o A pá! Tás bom?
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- A: Eu também pá! Por isso é tou a ligar meu! Tou-te a ver! Eh! Eh! Bestial!
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- A: O quê? Tou na bancada! Mesmo atrás de ti! Olha tou-te a dizer adeus agora!

Este tipo de técnica para nos encontrarem num estádio é muito eficaz, especialmente quando constatamos que para alem do tipo A existem mais 20 tipos a dizer adeus, de telemóvel ao ouvido, a olhar para o relvado.
Quando o tipo A se apercebe disto logo arranja outra técnica mais eficaz:

- A: Sou aquele da t-shirt preta! Já me viste? Tou mesmo à tua frente pá!

Brilhante. Num concerto dos AC/DC qual será a percentagem de pessoas com t-shirts pretas? A coisa só melhora quando, por incrível que pareça, se torna mais ridícula.

- A: Olha estou a fazer ondinhas com os braços e a abanar-me de um lado para o outro! Já me viste?

Na verdade, só quando o tipo à minha frente se transformou numa dançarina do ventre é que foi, finalmente, avistado pelo amigo. Resultado:

- A: Já me viste? Boa! Porta-te bem. Bom concerto! Tchau!

Aquele espectáculo todo só para que o outro tipo o visse e depois "Tchau"? Porquê? Ele não acreditaria que ele lá estava sem o ver? E não podia esperar para amanhã? Qualquer coisa como: Olha, ontem vi-te no concerto! Gostaste?
A pessoa que estava comigo lembrou-me de uma coisa também interessante. Porque é que desejamos um "bom concerto", o tipo por acaso vai tocar?!
Curiosidades à parte, tenho que terminar dizendo que o concerto não foi apenas bom, foi brilhante. Pagava o dobro daquilo que paguei se me garantissem assistir exactamente ao mesmo espectáculo.