4 de maio de 2008

Uat a fakin pilgrim!

Este é um tema que me é querido e que gosto sempre de revisitar. Aproxima-se em largas passadas o 13 de Maio e, mais uma vez, apetece-me maldizer. Ano após ano (uma vez que não vivo muito longe de Fátima assisto de perto), abre a "caça ao peregrino" nesta altura. Passo a explicar: milhares de peregrinos, vindo das mais diversas zonas do país, deslocam-se penosamente, a pé, até Fátima, nesta altura do ano, cumprindo assim o deprimente ritual a que já me fui habituando. Acontece que os peregrinos deslocam-se em bando e não conseguem - talvez não tenham essa capacidade - deslocar-se em fila indiana. O que significa que em cada curva podemos dar de caras com uma data de gente a caminhar de sandálias e meias, com coletes florescentes (muito cautelosos humm?!?!), ocupando a faixa onde nos encontramos. Todos os anos é "caçado" na estrada um ou dois. Também me chateia, muitas vezes, ter de percorrer lentamente alguns quilómetros atrás de uma Ford Transit, um bocado para o "velhota", com um pequeno cartaz no vidro traseiro com as palavras "Apoio ao Peregrino".
Atendendo aos dados já enunciados decidi, hoje, substituir estas carrinhas de apoio, por umas diferentes, dizendo "Morte ao Peregrino", essas sim circulando a velocidades decentes procurando em cada esquina, acabar com o lento sofrimento de cada peregrino.
Podemos começar por um peregrino que vi, este Sábado, e que agora me apetece ridicularizar. Ele estava a pedi-las. Foi a primeira vez que eu vi alguém fazer a peregrinação trajado!!! Com o traje académico, de uma universidade deste país, capa e tudo, lá vinha o artista, já com os sapatos a servir de chinelos, arrastando-se de forma deprimente. Quem, como eu, usou o traje, sabe que em dias de calor não é fácil ter aquela brincadeira vestida. Agora imaginem percorrer 200 quilómetros a pé, vestidos desta maneira. Imaginei imediatamente que talvez ele tivesse feito uma promessa a Nossa Senhora de Fátima: se acabasse o curso iria a pé a Fátima trajado!
E depois pensei: mas quem é que se lembra de uma coisa dessas? Eu jamais daria emprego a um tipo que acha que só conseguiu terminar a licenciatura devido a uma intervenção divina. E se Nossa Senhora o ajudou de facto. Isso é lícito? Não é, por princípio, a mesma coisa que copiar? Nossa Senhora ajudou-o a ele...e a mim foi o colega do lado.

3 de maio de 2008