2 de maio de 2010

IX - Madalena

- “Valeu a pena”. Mas que raio queria ele dizer com isto?
- Não sei, Carlos. Mas vou descobrir.
- Como? O homem está morto…
- Vou falar com ela outra vez. Ela tem alguma coisa a ver com isto. Tenho a certeza...
- Amigo, vê lá no que é que te metes.
- Devo-te pelo menos isto. Já que sou responsável por isto.
- Não deves nada. Não ligues ao que disse a minha mãe, ela está, obviamente, transtornada com tudo isto.
- Carlos, agradeço a tua compreensão, mas tenho que fazer isto...e já sabes, se me acontecer alguma coisa…
- Cala-te! Nem quero pensar nisso…
- Se me acontecer alguma coisa, sabes aonde é que eu fui.



Naquele dia Gabriel subiu o monte a correr, sem que o cansaço ou o medo o atingissem. Tinha uma missão. Sentia-se na obrigação de remediar o mal que havia causado a pessoas inocentes. Sentia o vento fustigar-lhe a face, cada vez mais forte. Sentiu que uma lágrima de raiva forçava a fuga do seu olho, mas conteve-a. Não se perdoava a si próprio. A voz da Dª Conceição teimava em permanecer-lhe na memória. Quando finalmente avistou a casa verificou, com espanto, que ela já o esperava, à porta. A raiva que sentia, estranhamente, dissipou-se à primeira vista dos olhos daquela mulher. Ela convidou-o a entrar e ele, embora não quisesse fazê-lo, anuiu. Perplexo, verificou, após alguns minutos de conversa, o quanto tinha andado enganado. A mulher que tinha visto nua, não era aquela que ali estava. A mulher que tinha visto no seu sonho, não era aquela. Tentou perceber, em vão, a sua confusão. Quem era afinal a mulher que estava à sua frente e quem era, afinal, essa outra mulher?

- Não entendo.
- Admito que seja difícil para ti, Gabriel.
- Na verdade, acho que até faz algum sentido…
- A pessoa que viste nua, aqui em casa, não era eu…
- Mas era igual a ti, eu vi…
- Viste o que quiseste ver…
- Como assim…
- A pessoa que viste é a minha mãe!
- Impossível! Não pode ser!
- Não só pode, como é…
- A tua mãe não pode ser tão nova…
- Bem, Gabriel, há algo que tenho que te contar acerca da minha mãe…

2 comentários:

Miss I disse...

Ui, que voltas e reviravoltas! Atrasei-me e agora tive a sorte de ler uns tantos posts seguidos, mas não pacificou a minha inquietação! ;)

Goth Mortens disse...

Vens sempre a tempo... ;)
Ainda vai haver mais...