7 de fevereiro de 2010

Quem és tu?

Passo por ti. Acontece muitas vezes. Não dás por mim, não me conheces, a minha existência choca com a indiferença nos teus olhos...de cada vez que passo. Não sei quem és. Intrigas-me. Fico a pensar no som da tua voz, que nunca ouvi. Nunca te vi andar, tão pouco, porque vejo-te sempre parada. Sei que esperas alguém e não sei quem é. Sei que não sou eu. Não me esperas, a mim não. Sei que és bela, isso eu sei. Os teus cabelos negros e escorridos beijam os teus ombros, criando para a tua a face a mais bela moldura. A arte que é o teu rosto merece cada segundo do meu olhar. Os teus olhos negros, fundos como poços, parecem puxar-me para me aprisionar. És simbiose e harmonia da cabeça aos pés.
Inicialmente, era enorme a minha curiosidade em conhecer-te. Hoje, desisti dessa ideia. Tenho receio. E se falares e a tua voz me causar diferença, e se falares mal, se pronunciares mal as palavras? E se fores fútil, e se a tua falta de intelecto for demasiado evidente, se me desapontar?

Prefiro assim.

Continua à espera.

Eu vou continuar a passar.

4 comentários:

Rita Mendes disse...

Noutros tempos começaria a barafustar para te aproximares, para provocares um tal encontro que te permitisse tirar todas as dúvidas…
Hoje, aconselho-te a permaneceres assim… possivelmente todo esse encanto, magia e mistério que associas iam desaparecer e mais certamente irias ficar desiludido. Talvez não por falar mal, por ser fútil ou algo assim, mas apenas porque obtiveste as respostas… nunca temos de sabre tudo, nunca temos que ter todas as respostas e conhecer todos… aproveita o que sentes agora, a curiosidade, e o mistério… e o resto deixa para depois…
Isto, é o que eu acho… (vale o que vale = nada!)

W. disse...

Conheço de tudo. Gente que afinal tem uma voz irritante, gente que se revelou inacreditavelmente burra e gente muito "porreira, pá!" que vale a pena conhecer. É tudo uma questão de coragem, mas destrói sempre o sonho...

Goth Mortens disse...

Naturalmente, o que aqui escrevi é ficção. Fruto da minha imaginação. No entanto, é bem representativo de algumas situações pelas quais já passei. Acontece que por muito bonita que eu ache uma mulher, é a sua inteligência que me excita, que me fascina. Mulheres pouco inteligentes não me atraem, homens pouco inteligentes dificilmente seriam meus amigos. Acho que tem a ver com uma coisa muito simples: as relações com as pessoas à nossa volta não devem ser fugazes. Qual seria então o interesse? Logo, para ter relações duradouras a outra pessoa tem que ser interessante e cativante.
Daí o meu texto. Quantas pessoas não conhecemos que aparentemente tinham tudo para serem interessantes mas que se revelaram perfeitamente idiotas ou fúteis? Eu conheci umas quantas.

Rita Mendes disse...

Acho que os blogues servem justamente para isso. podemos dizer tudo o que bem nos apetecer, porque é um lugar nosso e ninguem tem nada com isso... deixamos as mentes voarem e libertarem-se... é isto que torna o mundo dos blogues cativante a meu ver!
Para esta questão, concordo inteiramente, de que vale a beleza se não há compatibilidade das mentes?!
outra coisa que é reveladora para mim é o facto de poder estar em silêncio com a outra pessoa e isso não ser incomodativo...

(desculpa ter vindo para aqui mandar opinões para o ar....)