15 de março de 2010

Luta

As adversidades fortalecem-nos. Isto é, se não nos varrerem os pés do chão. A História está repleta de momentos que nos lembram isto mesmo.

A abolição da escravatura aconteceu em Portugal há pouco mais de 150 anos. Parece incrível, imaginem, se pensarmos nas gerações da nossa própria família, talvez não pareça ter sido assim há tanto tempo. A violência doméstica nem sempre foi considerada um crime e há países onde ainda é permitida. O holocausto está ainda bem fresco na memória de todos nós, e pelos piores motivos. Existem ainda no planeta pessoas que sobreviveram a isto. Hiroshima, Amazónia, Chernobyl e Auschwitz são nomes de locais que nos recordam a luta e as adversidades que alguns seres humanos tiveram que enfrentar. Tento imaginar o que sentiram os negros, obrigados a viver como animais, sem direito a opiniões ou a uma vida normal. Quantas mentes brilhantes se perderam porque as esterilizámos ou limitámos. E os Judeus? Será que um deles não teria descoberto a cura para o cancro ou a sida? Porque será que fizemos tanto mal a nós próprios?

Como eu dizia, as adversidades podem fortalecer-nos. Acho que as adversidades que alguns seres humanos tiveram que enfrentar acabaram por moldar a sua índole, o seu carácter, mas também alteraram o ADN da Humanidade de forma irreversível. Enfraqueceram-nos a todos. Juntos, teríamos sido mais fortes, teríamos saltado anos de ignorância.
É rídiculo, mas historicamente, as alturas em que se revelou mais a nossa ignorância não aconteceram nos primórdios, porque aí pudemos ver revelado o génio humano, das mais variadas formas. As fases onde fomos mais ignorantes foram, sem dúvida, a Idade Média, considerada por muitos, e a muitos níveis (cultural, social, científico), como a Idade das Trevas; e, na minha opinião, os últimos dois séculos, dois séculos onde provámos, dia após dia, que não merecemos viver neste mundo. Irrecuperável, é a palavra que se desenha na minha mente quando penso no tempo que perdemos.

Eu não quero perder tempo. A vida é demasiado curta. Em milhões de anos de história neste planeta, a nossa vida não representa mais do que um grão de areia no meio de um infinito deserto.
Quero amar intensamente, quero passar tempo com as pessoas da minha vida, com os meus amigos. Quero ser feliz, e sou, porque peço muito pouco.

As adversidades que me vão surgindo, os obstáculos que se colocam no meu caminho, não me interessam. Desprezo-os. Rio-me deles. Estou demasiado concentrado na minha vida para perder tempo com o que não interessa. Só eu sei o valor da minha vida e ninguém lhe vai dar mais valor do que eu. Posso estar morto daqui a 1 hora.
O que me interessa se o trabalho correu mal, ou se o meu clube perdeu? O que me interessa se está a chover no meu piquenique? Eu é que escolho como quero passar os dias em que tenho a sorte de respirar. Quero passá-los bem disposto.

6 comentários:

Rita Mendes disse...

este texto confirma a minha imagem de ti: acho que conseguiste captar a essencia da vida e aplica-la.

concordo com o que dizes da pura irracionalidade e a meu ver "anti-humanidade" no que toca a questões como escravatura,holocausto, racismos e discriminações...
Quanto às adversidades e bstáculos, bem, eu sou uma eterna queixinhas da vida! resmungo porque sim e porque não.Mas no fundo que acredito que é na luta e conquista pelos objectivos que cada um aprende e ganha valor. é aí que cada um vai escrevendo a sua história. e sinceramente quem é que gosta das coisas fáceis?!

Uma semana de muito boa disposição!

Goth Mortens disse...

Obrigado Boo. Desejo-te uma óptima semana.
Qual é, por curiosidade, a tua imagem de mim?

W. disse...

Não me parece que os últimos tempos sejam perdidos. Evoluímos muito, há uma abertura de mentes. Mas compreendo o que queres dizer, a ganância, a vontade de ter mais e a obrigação (ou vontade) de trabalhar mais rouba-nos tempo de viver e aproveitar o que e quem nos rodeia.

Rita Mendes disse...

Nem queiras saber... ;)
agora a sério, é muito cedo para falar de opiniões definitivas... tenho apenas "pressentimentos" ou "6º sentido" e acredita, que o meu raramente se engana.

Goth Mortens disse...

W., sei que entendes o que quero dizer.
Na verdade, quando digo que perdemos os últimos dois séculos o que quero dizer é grande parte dos genocídios da humanidade aconteceram nos últimos 200 anos, precisamente quando devíamos estar no auge do intelecto humano.

Boo, acho curiosa a tua escolha de palavras. Não costumo provocar bons pressentimentos, antes pelo contrário.

Rita Mendes disse...

bem, isto não é nada fácil de traduzir por palavras..(nem para mim a minha mente é decifrável...)
não me assustas nem me aborreces com as tuas perspéctivas, bem pelo contrário. deixas-me a pensar, acho que tens um humor divinal e aprecio isso.
a tua maneira de encarar a vida,a sociedade, e as pessoas parece-me de uma sensatez e liberdade que admiro...
e pronto, isto é um pouquinho (pequeno) da opinião que tenho de ti. Posso estar enganada?!talvez...
não sei se consegiste perceber alguma coisa do que tentei dizer...

(nota para o futuro: não responder a comentários quando se está a cair de sono....)